...
Houve contudo razões de agenda mediática que me levaram a tal. Refiro-me ao episódio da participação de Manuel Alegre no comício – festa das “esquerdas”. Alegre pode ter razão quanto às razões que estão na base da sua revolta. Mas Alegre foi longe de mais com a “vaidade” que exibe e a pretensão de ser o dono de um milhão de votos, de que pensa poder “dispor” como se de um couto de caça se tratasse.
A verdade é que o novo criptobloquista, como alguns já o designaram, está agora de mão dada com Francisco Louçã.
Tudo isto depois de 2 exasperantes anos de inactividade do seu MIC, de que é único responsável, e depois de o próprio BE já ter feito uma anterior experiência, bem mais modesta é certo, quando, “qual ave de rapina”, foi buscar ao MPT um conjunto de personalidades na área do ambiente com que pretendia, sem sucesso é certo, colorir o seu novo discurso verde.
Desta feita é com Alegre que o Bloco, entusiasmado com recentes sondagens que o dão acima dos dois dígitos, pretende crescer.
O poeta, como se já não bastasse a promíscua atitude revelada, dispara contra tudo e contra todos e envolve-se entretanto numa nova e emocionante polémica com o seu camarada José Lello, sobre quem pagou a viagem de quem, matéria que, convenhamos, interessa seguramente pouco à generalidade dos cidadãos.
Mais o que mais espanta é que tudo isto se passa sem que Alegre saia do PS, atitude que implicaria naturalmente a perda do seu lugar de Vice-Presidente da AR e sem que o Bloco, uma vez mais, tenha sequer a decência de confessar publicamente a sua democrática filosofia de que, na política, vale tudo desde que o resultado final vá ao encontro dos objectivos políticos traçados.
É a política no seu pior e totalmente desprovida de qualquer sentido de ética.
No fundo, como diz o poeta:
Ai....tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado!